Pesquisar este blog

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

InTirume*




"Embarca com suas dores pra longe do seu lugar" (Cidade negra)


Tenho orgulho de minhas raízes, do jeito humilde de ser caiçara.
Deixo de lado a ostentação, troco ela por uma tarde de pés descalços entre as pedras,
Na água gelada e renovadora das cachoeiras que cantam minhas origens.
Tenho prazer em ser da terra, enxergando o outro como irmão,
Compartilhando do mesmo mar.

Sou caiçara, misto do humano com a natureza, branco na pele, mas índio no sangue.
De hoje em diante cuidarei mais de minha essência,
Cuidarei mais de minha cidade, de onde existo.
Cuidarei mais dos que me amam, e levarei comigo apenas o que me faz bem.
Logo meu barco navegará a terras distantes novamente, mas com o casco renovado.
Lavei minha alma, reciclei meus sentimentos.

E agora sim, bem vindo ano novo!


*InTirume era utilizado pelo linguajar caiçara ao mencionar algo que era puro, cru, sem adulterações.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Manhã ausente

"Se mostre e eu descubro se eu gosto" (Pitty)


Amanheço sofrendo de ressacas amargas
De bebidas das quais não traguei.

Me anseio de sonhos alheios, me desaponto,
E quando vejo, não estou ali!

Gotejo dores, martirizo dias,
E envolto desse líquido, o outro.

Percebo-me nas máscaras mal resolvidas
Sem pudores e nem personas.

Me desboto feito jeans.

Me busco em um fôlego
Mas só ele não me basta

Estou mais profundo,
Não nessa pele, superfície!

Estou mais profundo,
dentre essas escamas maquiadas
Entre meus plásticos inodoros

Esse meu mundo, submerso,
Sob-mundo!


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Furta-cor


"Vou fazer uma casa no ar, sem levar nada do chão!" (Lirinha)



Não acorde nesse tom de cinza,
Pois sei que forçais a engolir um novo dia,
Já engavetando naquela rotina.
Perceba que as cortinas não balançam sozinhas!

Há aquarela demais nesse mundo,
Paletas ambulantes tropeçando nas fronteiras dos quadros!
Se esbarre em alguém, se borre em novas cores
Veja que a soma de dois virá um tom que ainda não existia
Se desvie, contorne, espalhe,
E se de alegria precisar, pinte seu próprio nariz!

Procure mudar sempre as suas margens
Não exite em desmanchar os borrões que te atormentam,
Sinta-se bem, e descanse se preciso em degradê
Não busque tanto assim a perfeição

O que é perfeito é o que está pronto,
E estar pronto é o fim da criação.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ser-me-Tu


"Difícil mesmo é ser!" ( Teatro Mágico)


Escrevo.
Escrevo quando me diluo e densifico
Me torno complicado demais para apenas me engolir
Me vazo, transbordo!

Escrevo como forma de desbravar
De me jogar nas desconhecidas terras
Me desafiando a sair em mata fechada
E com peito, abrir mais trilhas
Perturbando sempre minha fauna

Escrevo também porque sinto não ter voz.
Me calo e escrevo gritos,
Sou meu silêncio em seu momento de histeria
Sou o meu aflito balbuciando existência
Estás em mim, quando em mim já não estou.

Escrevo porque me amanheço
Porque de certa forma, quero aquecer os seus orvalhos
Atiçar os seus insetos interiores
Te fazer cantar os galos
Avançar em vento nas suas verdes folhas
Me fazer-te
Bomdiaficar você!

Você me Lê. Me mastiga com os olhos.



sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Amainando velas



"Round my hometown, [...] Are the wonder of my world" (Adele)

Ah, Ubatuba!
Não olhe tão brilhante,
Não me venha com esse sol na minha pele,
Não me agarre em suas areias,
Não grude assim em meus pés,
Eu preciso ir!

Ubatuba, tenho estrada a subir,
Coisas para fazer,
Tempo pra correr!

Não apareça com essa brisa em meu rosto,
E nem com essa sombra que me desmonta, lugar lindo!

Você teima em vir e voltar, seduzir nas suas águas,
Como pode marear meus pensamentos assim?
Ubatuba, não adube tanto minhas raízes,
Elas têm de se soltar!

Deixe-me ir, prometo que volto,
Volto quando distraírem de mim no caos,
Volto pra te sentir novamente Ubatuba,
E para buscar o que de mim lá não existe!



Concerto-me

"E eu quero que esse canto torto, feito faca, corte a carne de vocês" (Belchior)


Silencio em mim mesmo, reorganizo minha orquestra

Instrumentos afinando, couros esticados

Tudo pronto!

Escutarei a sinfonia que somente cabe a mim, feito por mim.

Me Concerto!

E que esses barulhos de fora, aleatórios, não ultrapassem as portas.

Barulhos sem respeito.

Vou ignorar esses acordes sem sentidos,

Porque agora vem a melhor parte de minha música,

A melhor harmonia de mim.

Está convidado!


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Passagens


"Mais uma estação e a saudade no coração!" (Lenine)

E em meio a todos aqueles confetes, enxergo-a fazendo as Malas:

-Vamos, já não consigo ver certeza nessa felicidade- Disse ela entre o amarrotar das roupas - Os caminhos se modificam, sem um chão preso às minhas sapatilhas! Não há nada de mesmo nisso tudo!

Pobre Menina! Ela ainda não enxergou que as malas com qual partira, já não eram as mesmas que quando chegou.